sexta-feira, maio 26, 2006

Ser ou não ser prioridade

Há dias dei uma volta pelos caminhos que circundam o cemitério, como costumo fazer muitas vezes, e fiquei deveras surpreendido com as obras de arranjo que ali estão a ser feitas. Não contesto a necessidade das mesmas.Mas seria tão urgente fazê-las? Era necessário um projecto desses que me parece ser bastante dispendioso?
Não seria muito mais prioritário resolver o problema do tratamento dos esgotos da cidade e das aldeias?
É incontestável que aqueles que já partiram, tenham como última morada um lugar digno, mas os que cá estão, merecem também um ambiente de qualidade, condição indispensável para uma vida saudável.
É caso para dizer "enterrem-se os vivos e tratem-se os mortos", com todo o respeito por aqueles que descansam em paz, nas suas sepulturas.
Já no tempo do Marquês, se sabia o que era prioritário para a saúde pública, parece-me que aqui em Mangualde passados 231 anos, ainda não!

quinta-feira, maio 18, 2006

Para quando uma verdadeira "Etar"?

Um irmão meu tem uma quinta junto ao ribeiro que passa perto da povoação da Roda. Esse ribeiro recebe os esgotos da povoação de S.Cosmado e provavelmente outros que nele são lançados sem qualquer tipo de tratamento. As águas são negras e libertam um cheiro insuportável, os mosquitos são aos milhares principalmente no Verão!
O saneamento básico é indispensável, mas o tratamento dos efluentes também o deve ser!
Abrem-se estradas por todo o concelho destruindo terrenos agrícolas, algumas delas sem necessidade, mas não se constrói uma verdadeira estação de tratamento dos efluentes domésticos que continuam a céu aberto e a serem lançados nos rios e ribeiros do nosso concelho!
Não seria esta uma prioridade? Será que esta situação se vai arrastar ainda durante muito tempo?
Senhores autarcas façam de Mangualde uma cidade limpa e saudável. Mangualde não é só "centro", não "varram para debaixo do tapete", só para inglês ver!

terça-feira, maio 16, 2006

Siaf, fonte de poluição e desertificação

Esta indústria de transformação de madeira há anos implantada em Mangualde é uma das fontes mais poluidoras do ar do nosso concelho.
É ver todos os dias a quantidade de fumos poluentes libertados por essa fábrica que labora sem interrupção ,engolindo a riqueza florestal desta região.
Aproxima-se mais um Verão que os metereologistas prevêem muito quente e com ele, a agora denominada "época dos incêndios", que ironicamente parece já ser tradição como a "época balnear" a " época da caça", as festas dos Santos Populares e outras.
Vai ser mais uma machadada na já pobre e maltratada mancha florestal deste país!
Quantos interesses não se escondem atrás desta "época de incêndios"?
Toda a gente os conhece, mas infelizmente como também é tradição , continuamos a ser um povo de brandos costumes!
Como já dizia Camões, mal vai tal povo que tais governantes tem tido e continua a ter!

quinta-feira, maio 04, 2006

A Quinta da Igreja

Nascido, criado e residente em Mangualde há várias décadas, conheci desde criança esta antiquíssima quinta, ( com origem na época românica) pertença do senhor João Cabral.
Era uma bela quinta sempre bem cuidada e cultivada pela mão dos seus caseiros, com vinha, terrenos de cultivo e uma frondosa mata. Na parte central da quinta havia uma belíssima fonte, ( a única coisa que resta)um lago de pedra , dois enormes tanques também de pedra para onde jorrava água de nascente e um aprazível jardim.
Dela faziam ainda parte duas casas rurais , uma delas em frente da igreja matriz demolida aquando do alargamento da estrada da Roda há já vários anos, um enorme celeiro de pedra,com um lagar, uma palheira também de pedra e uma enorme laje onde se secava o milho.
Na parte nascente, em frente da calçada para o cemitério, dois emormes e centenários cedros( também já abatidos) ladeavam majestosamente uma das porteiras de ferro que davam acesso à quinta.
Segundo se constou há vários anos, a Câmara Municipal de Mangualde teve oportunidade de a adquirir, quando os herdeiros da mesma a quiseram vender, mas não o fez. Poderia ter-lhe dado outra utilidade e ao mesmo tempo preservar a sua beleza, como se faz felizmente ainda em alguns concelhos deste país.
A quinta foi esventrada, os edifícios e o jardim destruídos, as nascentes de água desaproveitadas e a mata cortada, tudo isto para dar lugar a mais um loteamento, onde campeia o lucro fácil e a estética e o respeito pela natureza são completamente postos de parte.
Será que não há maneira de harmonizar e integrar o passado, no presente?
É evidente que sim, só assim se preserva a memória de um povo e se prepara o futuro.
Compete às autarquias o direito e o dever de o fazer.
Só assim é que Mangualde poderá ser realmente uma cidade verdadeiramente viva, voltada para o futuro, mas sem esquecer e destruir o passado.